terça-feira, abril 04, 2006

Declaração de Amor _ Luís Fernando Veríssimo(Adaptadíssissíssimo!)


Tentei dizer quanto te amava, aquela vez, baixinho lá da minha casa, mas havia uma enorme distância e, pensando bem, não era provável que vc ouvisse.
Tentei de novo, lembro bem, na escola. Um dia desses quando a gente começa a classificar os amigos e percebe que vc não se enquadra em nenhuma categoria previamente selecionada.
A vida é curta, longa é a paixão.
Numa festa, ah, nossas festas, disse tudo:
"Eu te amo, Dimitri, sabia? "
E você não disse nada. E você não disse nada.
Só mais tarde, de ressaca, atinei.
Cheia de amor e tequila, me enganei e disse tudo para uma almofada.
Gravei, em vinte e três páginas de agenda, vinte e três corações.
O seu nome, o meu, flechas e lamentações:
"Se não me segurarem faço um soneto"
E não é que fiz, e até com boas rimas?
Você não leu, e nem sequer ficou sabendo.
Continuo inédito e por seu amor sofrendo
Mas fui premiada num concurso em Minas.
Comecei a escrever com pincel e pichei uma carteira de colégio, o asseio que se lixe, todo o meu amor para a tua ciência.
Fui advertida.
Te escrevi com lágrimas , suor e mel (você devia ver o estado do papel) uma carta longa, linda e passional.
De resposta nem uma carinha nem um cartão, nem uma linha!
Pudera, nem sequer lhe enviei.
Decidi, então, botar a maior banca no céu escrever com fumaça branca: "Te amo, assinado.." e meu nome bem legível. Já tinha quase tudo, coragem, tudo para impressionar você, mas veio a realidade, faltou o avião, o combustível, dinheiro, brevê... ‘Hollywood’ d+.
Quando finalmente você me emprestou seu ouvido, em meio ao nervosismo, despejei meu coração(coisas de mulher). Isso lá era hora?!?!
Falei da devoção há anos entalada e você disse... sabe-se lá o q vc disse...
Curta é a vida, longa é a paixão.
Na velhice, na nossa casinha, junto ao gato gordo, lado a lado em meio a um silêncio abençoado direi o que sinto, meu bem.
O meu único medo é que então empinando a orelha com a mão você me responda só: "Hein?"
Tu e Eu
Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
Eu já sequei
e me resignei
como uma capitalista utópica.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Só o amor e os sonhos
Tu és um corpo e eu um vulto,
Sou colorida,
um pouco aérea,
e só penso em ti.
És meio cinzento,
algo rasteiro,
e só pensa em mim.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Digo na cara
o que me vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesitas entre duas palavras,
escolhe uma terceira
e no fim diz o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.

Te amo.

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